Postada em 30 de agosto de 2014.
A
reforma da Atenção Primária no Rio de Janeiro é complexa, pois abrange mudanças
de grandes proporções nas áreas administrativa, organizacional e do modelo de
atenção. Ainda que recém-implantada na cidade, a reestruturação está dando
resultados. Para celebrar a nova realidade do município, acaba de ser lançado o
livro 50 primeiras Clínicas da Família da cidade do Rio de Janeiro.
A pesquisadora da ENSP e coordenadora da implementação das Clínicas, Elisabete
Dorigheto, é organizadora da publicação, junto com a também integrante da
equipe de implementação, Roberta Mota. O livro aborda não só a construção das
unidades, a padronização de equipamentos e mobiliários, mas também a composição
das equipes, a história dos homenageados e das comunidade em que as clínicas
foram implantadas.
Durante
a cerimônia de lançamento, o diretor da ENSP, Hermano Castro, falou a respeito
da grande satisfação pela parceria entre a Escola e a Secretaria Municipal de
Saúde do Rio de Janeiro, além de apontar a publicação como um marco da história
de sucesso das Clínicas da Família. Além de Castro, Elisabete Dorigheto,
Roberta Mota e o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, também
compuseram a mesa.
Após
enaltecer a parceria, Hermano lembrou que, no momento em que assumiu a direção
da Escola, no início de 2013, a cobertura de saúde da família no município
necessitava de ampliação. “Naquela época, cobrei avanços; e hoje, apesar das
inúmeras conquistas, reitero a minha fala: o Rio de Janeiro deve sempre
melhorar a qualidade e expadir a cobertura. Precisamos alcançar um número de
unidades que atenda 100% da nossa população. Esse deve ser o nosso alvo, a
nossa meta. Com certeza, a ENSP estará sempre somando e sendo parceira naquilo
que for necessário e possível, principalmente, no que se refere ao ensino e
pesquisa, que é a nossa missão”, disse ele.
Dentre
as cinquenta primeiras Clínicas, Hermano Castro destacou a unidade que está
localizada no complexo de Manguinhos, cujo homenageado é o professor emérito e
pesquisador da ENSP, Victor Valla, falecido no ano de 2009. Valla foi um
lutador das causas sociais e um dos maiores incentivadores do enfrentamento às
desigualdades em nosso país. Citando Victor Valla, o diretor da ENSP disse que
“devemos colocar a academia na rua”. Para ele, esse é o papel da relação entre
serviço, ensino e pesquisa. Precisamos transformar o conhecimento científico em
conhecimento aplicado, revertendo-os em produtos e benefícios para a saúde e
bem-estar da população brasileira.
O
secretário Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, afirmou que a
publicação do livro é um dever de retorno à sociedade, à população carioca.
“Para sua construção, contamos com a colaboração de cada um dos integrantes das
clínicas, pois todos participaram desse processo ativamente no dia a dia”,
analisou. Atualmente, comentou Daniel, o município possui 72 Clínicas da
Família, e a pretensão é chegar a 140 unidades até 2016. “Muito se construiu
até chegarmos nas 50 primeiras clínicas, mas ainda temos muito o que avançar.
Este é um processo que não tem fim. Esperamos que elas não sejam somente uma
estrutura física com boa locação, materiais e estruturas para trabalhar, mas
sim um potencializador do modelo de sistema de saúde que queremos construir. Um
modelo baseado na saúde da família, único e que requer formação específica
voltada para a medicina de família e comunidade”, explicou.
O
secretário lembrou que a inspiração para as mudanças ocorridas na atenção
primária do Rio de Janeiro e também para a publicação de um livro foi a reforma
dos Cuidados Primários de Portugal. Segundo ele, o país foi um modelo. Vários
outros países do mundo já atingiram 100% de cobertura de saúde da família e a
cidade do Rio de Janeiro também vai chegar.
As
clínicas da família têm como pontos-chave a delimitação da sua lista de
usuários definida com base territorial e a proximidade com o cidadão, que
conhece pelo nome o profissional responsável pelo seu cuidado ao longo do
tempo, favorecendo melhor desempenho clínico e uma relação de confiança. Além
da ampliação do acesso, outra característica da Clínica da família é resolver
os problemas na atenção primária por meio de uma carteira básica de serviços
que contempla as situações de saúde mais frequentes, incluindo pequenas
urgências e exames complementares.