Médicos reunidos no II Congresso Internacional de Medicina Ambiental, em São Paulo, vão discutir as formas de diagnosticar, tratar e prevenir as doenças ambientais.
Só em São Paulo, cerca de quatro mil pessoas morrem por ano por causa de problemas causados pela poluição do ar. O custo para a saúde, somando-se internações, mortalidade e redução da expectativa de vida, chega a US$ 1,5 bilhão de dólares aos cofres públicos brasileiros. “As doenças ambientais podem ser incapacitantes e podem ter relação com o local de trabalho, moradia, escola e serem causadas por fatores ambientais contidos nos alimentos, na água e no ar das grandes cidades”, afirma a médica Maria Emilia Gadelha Serra, Vice-Presidente da futura Academia Nacional de Medicina Ambiental (ANMA) e da Comissão Científica do II Congresso Internacional de Medicina Ambiental (II CIMA), que será realizado nos dias 19 e 20 de novembro, no Hotel Macksoud Plaza, em São Paulo. O Congresso será focado no reconhecimento de que fatores ambientais causadores de doenças ao indivíduo podem ser diagnosticados, tratados e prevenidos. “Na medicina ambiental precisamos conhecer o ambiente em que vivemos. Ao fazê-lo, temos a possibilidade de intervir em doenças inflamatórias e crônicas complexas através do reconhecimento dos fatores ambientais que afetam a expressão genética, o funcionamento bioquímico do corpo e que podem lesar estruturas celulares importantes, como as mitocôndrias”, afirma a Dr a. Maria Emilia Serra.
O Professor Paulo Saldiva, da Universidade de São Paulo, reconhecido pelo trabalho de identificar os danos causados à saúde pela poluição, será o responsável pela abertura do Congresso e um dos pontos que pretende destacar na sua apresentação é o fenômeno que ele chama de racismo ambiental. “Esse é um fenômeno mundial em que as ilhas de vulnerabilidade ambiental estão diretamente associadas às ilhas de pobreza nas grandes cidades”, afirma. Os médicos ambientais apontam como principais doenças causadas pela poluição a alergia inalatória, a alergia alimentar e, principalmente, a sensibilidade química, uma síndrome alérgica-tóxica de imunodeficiência que atinge indivíduos sensíveis a alergenos e solventes orgânicos, alimentos, medicamentos e em alguns casos extremos apresentam até a sensibilidade eletromagnética (relacionada ao uso de telefones celulares e à proximidade de torres de alta tensão, que pode desencadear dores de cabeça, contraturas musculares e até arritmias cardíacas). O Instituto Nacional do Câncer norte-americano estima que entre 80 a 90% dos casos de câncer estejam relacionados a fatores ambientais.
No Congresso, a Dra. Maria Emilia vai falar da Microecologia humana e sua relação com saúde e doença e também sobre os sinais e sintomas da alergia alimentar oculta. “Os efeitos secundários de uma alimentação inadequada estão relacionados a distúrbios consequentes da ingestão de alimentos que podem promover o crescimento bacteriano inapropriado ou afetar diretamente a integridade do tubo digestivo através do consumo excessivo de açúcares, conservantes, aditivos e principalmente proteínas de difícil digestão”, afirma a médica.
Os 5 passos para a desintoxicação - O presidente do II Congresso Internacional de Medicina Ambiental, Dr. Gilberto de Paula, afirma que os alimentos que consumimos, o ar que respiramos e a água que bebemos deixaram de ser simples substâncias inertes, meras fontes de moléculas para construir o organismo humano. Atualmente, esses elementos essenciais à vida passaram a conter moléculas que originalmente (organicamente) não faziam parte de sua constituição e que precisam ser eliminadas. “O organismo humano tem uma capacidade individual de suportar uma carga total de poluentes em determinado espaço de tempo. Toda vez que essa capacidade é ultrapassada, ocorrerá uma reação e o aparecimento de sintomas de uma doença, como enxaqueca, rinite, asma, urticária ou fibromialgia”, explica o médico. É comum que os pacientes apresente m características que sugerem uma origem ambiental para seus problemas de saúde. Eles se sentem bem quando vão para a montanha, praia, deserto ou com a prática do jejum, religioso ou não. No entanto, o quadro clínico se agrava com as mudanças bruscas no clima e os odores fortes. É comum os pacientes se queixarem de alterações de humor. Nesses casos, a primeira providência é reduzir a carga total de agressão ambiental a que estão submetidos. Por isso, recomenda-se: 1.Consumo de alimentos orgânicos (se possível, alimentação 100% natural e orgânica) associado à dieta de exclusão de alimentos ofensivos considerados pelos médicos como alergênicos. |2. Ingestão de água pura – de fontes não-contaminadas |3. Inalação de oxigênio úmido (6-8 litros por minuto, por 18 dias, durante duas horas diárias) – conhecida como Terapia de Von Ardenne| 4. Sauna seca| 5. Drenagem linfática.
Para o Dr. Gilberto de Paula, essas medidas, quando aplicadas de forma conjunta, tendem a aliviar rapidamente os sintomas desses pacientes, que passam a reconhecer os fatores ambientais que os agridem. Uma vez desintoxicados, percebem com maior clareza os efeitos que os poluentes contidos na água, no ar e nos alimentos provocam em seus organismos. “Acredito que no Brasil existam muitos locais, como regiões de montanha, praias e estações de água, propícios à criação de Unidades de Controle Ambiental, onde os pacientes poderiam ser desintoxicados e recuperados para viver sem problemas inflamatórios. São verdadeiros oásis médicos em um mundo cada vez mais envenenado“, conclui o Dr. Gilberto.
Durante o II IMA será fundada a Academia Nacional de Medicina Ambiental -ANMA- uma organização da sociedade civil e um fórum de discussão e interface com outros setores que buscará estudar e propor soluções práticas para a interferência do meio ambiente na saúde humana.
II Congresso Internacional de Medicina Ambiental, dias 19 e 20 de novembro de 2011,no Hotel Maksoud Plaza- São Paulo, Brasil.Programação do Congresso e outras informações: www. Medicinaambiental.net
Os números da poluição [http://www.acemprol.com/viewtopic.php?f=16&t=7826] “A má qualidade do ar custa pelo menos US$ 1 bilhão - cerca de R$ 2,3 bilhões - aos cofres públicos brasileiros a cada ano, principalmente com as mortes ou tratamento de doenças associadas direta ou indiretamente à poluição.